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Não recomendaria outro livro senão este, no que toca a uma inspirada reflexão sobre a condição da existência humana, mais ainda, numa situação de desespero e torpor mundano como a que é encarada na obra.
Uma cidade como todas as outras, mais triste ainda, algo indolente que é repentinamente devastada por uma terrível peste (minto, a doença vem-se espalhando lentamente, o caráter das personagens contorce-se ante a frustração geral, e é isso o que há de verdadeiramente relevante neste livro). Ensina-nos muitas coisas.
Qual é o papel de um indivíduo no meio de um todo absurdo
onde se espalha desespero e se ouve o sofrimento? Onde, sim, verdadeiramente se
sente a insignificância, a objetividade à flor da pele? Isto ainda é pouco.
Mais cânone ainda: poderá algum Deus fechar os olhos à
alvura de uma criança, cuja delicadeza, ingenuidade, a pura sanidade – é
rompida por dentro num sofrimento mais do que insuportável, desnecessário?
Até diria mais se não tivesse a certeza que vão ler o livro.
Leitura lenta, algo pensativa e pausada.
Uma autobiografia de nós todos. Daquilo que, bem lá nos
escombros, nos habita. Numa situação de isolamento afetivo como o de uma
pandemia.
Deixemo-nos de ensaio: o autor, lá no fundo, tenta procurar
– mais, justificar em todo o obscuro caso, a existência humana – “não podemos
todos ser heróis, mas podemos sempre tentar ser médicos”.
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