quinta-feira, 13 de dezembro de 2012


Título: História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar
Autor: Luís Sepúlveda
Editora: Porto Editora

Resenha:
Luís Sepúlveda escreve-nos uma história doce, simples mas cheia de significado, como podem concluir ao ler esta história fantástica. “História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar” é uma fábula, em que os atores principais são gatos e gaivotas. Temos então a história de um gato, Zorbas, gato grande, preto e gordo, que mora numa casa perto do porto de Hamburgo. Numas férias em que Zorbas fica em casa sozinho, estava ele a apanhar sol na sua varanda, quando lhe cai de repente à sua frente uma gaivota moribunda, que depois de ter sido apanhada pela maré negra, perde-se do seu bando e faz da varanda do Zorbas o seu último destino. Porém, antes de morrer, põe um ovo, e faz dois pedidos a Zorbas, o primeiro é que tome conta da pequena gaivota que irá nascer, o segundo é que a ensine a voar. Perante o estado da pobre gaivota, Zorbas aceita os pedidos, sem se aperceber do tamanho de tal responsabilidade. Assim começa a sua aventura, que sendo fiel à sua palavra vai fazer todos os esforços para fazer cumprir a sua promessa. Até a pequena gaivota nascer, Zorbas, que até agora tinha uma vida descontraída, vê-se com a tarefa de chocar o ovo, desta forma quando a pequena gaivota nasce, Zorbas é chamado de mama. Neste momento, Zorbas procura os seus amigos, que o vão ajudar a cuidar da pequena Ditosa, assim a chamaram, e ajudá-lo nesta difícil tarefa. Os seus amigos são, Collonelo, um gato de alguma idade sempre pronto a dar um bom conselho, Secretário, o seu ajudante, o Sabe-Tudo, gato muito inteligente e o Barlavento, um gato marinheiro. Com as enciclopédias do Sabetudo, com a boa vontade de todos, e com o sentido de cumprir esta obrigação a todo o custo, este pequeno grupo de gatos, começa então esta difícil tarefa, de dar umas lições de sobrevivência a Ditosa, de a ensinar a voar, e de lhe dar o amor e carinho do qual a sua mãe ficou privada.

domingo, 2 de dezembro de 2012


Título: A Metamorfose
Autor: Franz Kafka
Editora: Bertrand

Resenha: Esta é uma das obras mais emblemáticas de Franz Kafka, um homem amargurado e violentado pelo seu ser, durante toda vida. O caso particular da Metamorfose é paradigmático, o espelho perfeito das terríveis tormentas e angústias do autor pela sua existência, usado quase como uma autobiografia da conturbada convivência com o pai, a doença vivida aos cuidados da irmã, o seu sentimento de alienação com o mundo.

Este pequeno livro está dividido em 3 partes, construído como uma tragicomédia sobre o absurdo de um homem, Gregor Samsa, ao acordar um dia transformado numa espécie de insecto gigante, contudo, mantendo o senso humano, com única preocupação imediata de estar atrasado para o trabalho e de não desiludir a família, já que este é o principal sustento dela. Desenvolve-se assim, na primeira parte, como uma paródia, em que Gregor Samsa, fechado no quarto, tenta convencer a família e o patrão que está tudo bem, numa rejeição da realidade, apesar das profundas transformações sofridas, que o impedem inclusive de comunicar. A partir daqui, adensa-se a narrativa, desenvolvendo-se uma espiral de rejeições por parte da família. Gregor é fechado no seu quarto pelo pai, alimentado pela irmãzinha, escondido dos hóspedes, maltratado pela emprega; e na medida em que o tempo passa e vai desaparecendo o seu reconhecimento como homem, em prejuízo da imagem do bicho que olhos mostram, até ser considerado apenas um estorvo para os seus.

Kafka, com este livro, explora os recantos negros da mente humana, de como insignificante e vã pode ser uma vida, por muito importante que ela seja numa determinada altura para os outros. A imagem do inseto é o símbolo da condição humana, de uma identidade pessoal perdida, o sentimento de culpa fraturante da personagem, conduzindo o seu trabalho e vida para cuidar da família, até a morte pela rejeição, consumida pela culpa de não ser o que a família quer e precisa.